La candidata a la alcaldía de Vitoria por EH Bildu, Rocío Vitero (i), en el momento de votar . EFE/David Aguilar

Ancelotti afirma que “Espanha não é um país racista, mas há racismo nos estádios”

Madri (EFE).- “Condenar não é suficiente; é um momento importante para tomar medidas drásticas”. Com declarações como essa, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, pediu nesta terça-feira aos órgãos competentes que endureçam as leis e punam o racismo no futebol, em mais uma reação ao episódio vivido por Vinícius Júnior no estádio Mestalla, em Valência.

“Vinícius é uma vítima do que está acontecendo, ele não é o culpado. Ele é uma vítima que às vezes se passa por culpado por ser provocador e por sua atitude. Que fique claro que são vítimas, tanto ele quanto os torcedores que comportam-se de maneira impecável”, declarou o treinador italiano em defesa do seu jogador.

“Espero que as instituições possam ser claras como a Fifa tem sido. A Federação Espanhola, LaLiga e os árbitros também, porque em Valência aconteceu algo que não deveria acontecer e eles não mostram nas imagens. As autoridades não se deram conta do que está acontecendo. Isso não está certo. A Espanha não é racista, mas há racismo na Espanha, como em outros lugares, e isso tem que acabar”, destacou.

Depois do que viveu em Mestalla, Ancelotti aprendeu uma lição. A partir de agora, assim que ouvir um cântico racista, tirará o time de campo. Mas, antes disso, espera que haja uma reação do órgão de arbitragem, depois de denunciar que em Valência se cometeu um erro ao ativar o protocolo tarde demais.

Segundo o treinador italiano, o protocolo deveria ter sido ativado duas horas antes com os insultos a Vinícius Júnior na entrada do Mestalla.

“Cometeram um erro. Falei com o Vinícius para perguntar se queria continuar e o árbitro pediu para ele continuar. O assunto acabou aí, mas é claro que é uma decisão pessoal que pode ser tomada no momento. Eu posso ter a responsabilidade futuramente de tirar o jogador de campo e também tirar o time de campo. Não é minha responsabilidade, espero não ter que tomar essa decisão drástica porque tem um juiz em campo que deve ter este tipo de responsabilidade”, afirmou.

Por isso, Ancelotti frisou que “paralisar o jogo pode ser uma boa solução”, mas sugeriu às entidades responsáveis outras mudanças a serem implementadas no futebol espanhol.

Uma das mudanças seria revelar a identidade da pessoa que pratica atos racistas. “Se dão nome e sobrenome de quem insultou, há muitos em Valência, não apenas dois, é outra medida que pode ser tomada. É um problema sério, há outras que devem ser tomadas para resolver esse problema”, comentou.

Futebol inglês, o exemplo a ser seguido

“Não basta condenar, já começamos a condenar atos racistas há muito tempo, mas depois temos que agir e ainda não se atuou para acabar com esse problema de racismo e insultos. Há países onde eles não insultam você, como a Inglaterra, onde esta questão foi resolvida há muito tempo”, opinou.

“Em 1975 eles foram expulsos por cinco anos das competições europeias e tomaram medidas. O problema está resolvido. Há casos isolados de racismo, mas nos jogos da Premier League não há polícia e aqui parece que estão em guerra”, acrescentou.

O que Ancelotti defende é que, embora a sociedade espanhola alegue que não é racista, atos racistas ocorrem continuamente no mundo do futebol e demandam uma ação urgente.

“Estou convencido de que a Espanha não é um país racista como a Itália não é, mas há situações de racismo que acontecem e temos que eliminá-lo. Sou um cidadão e não tenho capacidade para tomar medidas que as instituições devem tomar. Não sei o que aconteceu com o Vinícius, a Espanha não é um país racista mas existe racismo nos estádios de futebol, onde tudo é permitido, e isso tem que acabar”, considerou.

Para o italiano, o crescimento de Vinícius como jogador para se tornar um dos melhores do mundo fez com que ele fosse visto “como um inimigo”. Nesse sentido, salientou que é possível ter um “inimigo esportivo”, mas nunca insultá-los.

Por fim, Ancelotti criticou o uso indevido do VAR na ação de expulsão de Vinícius no Mestalla.

“É muito grave. Não sei se eles manipularam ou se esqueceram de mostrar as imagens, mas é claro que Vini foi atacado pelo goleiro e por Hugo Duro. Se você sofre um ataque, tem que se defender. Isso é o que aconteceu”, afirmou. EFE