Vizinhas depositam flores na casa de Tina Turner, em Küsnacht. EFE/MICHAEL BUHOLZER

Casa de Tina Turner na Suíça vira local de homenagens de fãs após morte de cantora

Antonio Broto |

Küsnacht (EFE).- Desde a manhã de ontem, inúmeros fãs de Tina Turner, falecida na quarta-feira aos 83 anos, cercam o Chateau Algonquin, a mansão da cantora em Küsnacht, às margens do lago de Zurique, para deixar flores, acender velas e prestar todo o tipo de homenagens à rainha do rock.

Nas proximidades da casa, sucessos como “The Best” e “What’s Love Got to Do with It” soam dos carros desses fãs, e entre as mensagens que relembram o legado da popular artista, algumas se destacam no que é lembrada pela cantora como “simplesmente a melhor”, parafraseando seus versos mais populares.

Tina Turner, que em 2013 renunciou à cidadania americana e adotou a da Suíça, país onde passou os últimos 30 anos de sua vida, morreu na mesma propriedade, onde morava com o marido, o produtor alemão Erwin Bach.

Os porta-vozes da família da cantora indicaram que o funeral será realizado nos próximos dias em uma cerimônia privada, com a presença apenas dos seus familiares e amigos mais próximos, que neste momento pedem que a sua privacidade seja respeitada.

Mais de uma década longe dos palcos

Tina Turner havia se aposentado do mundo da música em 2009, aos 70 anos, após uma prolífica carreira de mais de meio século em que vendeu 200 milhões de discos, gravou 22 álbuns (12 de estúdio, três ao vivo e sete compilações) e ganhou oito prêmios Grammy.

Nas décadas de 1960 e 1970 desenvolveu carreira com o primeiro marido, Ike Turner, de quem se separaria em 1976 após sofrer anos de maus-tratos, e nas décadas de 1980 e 1990 protagonizou, na metade de sua vida, um dos retornos mais espetaculares aos palcos do mundo da música.

A década de 90 foi a de sua consagração absoluta, com turnês pelo mundo, sua participação na saga de James Bond compondo a música principal de “007 contra GoldenEye” ou aparecendo no filme “O Último Grande Herói” em 1993.

Antes, Turner havia chegado às telonas em filmes como “Gimme Shelter” (1970) ou “Mad Max III” (1985), este último talvez seu papel mais lembrado.

Suíça, refúgio da rainha

Tina Turner vivia desde meados dos anos 90 com Bach na Suíça, país onde ela mesma dizia ter “encontrado a tranquilidade” e no qual, principalmente desde a aposentadoria, levava uma vida discreta longe dos holofotes.

A cantora, nascida em 1939 em Brownsville (Tennessee, EUA), aprendeu alemão como requisito para obter a nacionalidade suíça, idioma que usava, por exemplo, quando fazia compras em Zurique, para passar mais despercebida.

A Suíça também se despediu hoje de sua cidadã adotiva mais famosa através do presidente suíço, Alain Berset, que em sua conta no Twitter enfatizou que “o mundo perdeu um ícone” e descreveu a cantora como “uma mulher impressionante que encontrou na Suíça uma segunda pátria”.

Em outro comunicado, o conselho da cidade de Küsnacht acrescentou hoje que Tina Turner “inspirou pessoas em todo o mundo com sua voz única, ao mesmo tempo em que impactou muitos locais com seu carinho e sua modéstia”.

A cidade nos arredores de Zurique lembrou que a cantora uma vez doou guirlandas para a decoração de Natal do local e que apadrinhou um barco de salvamento local chamado “Tina” em seu nome.

Seus últimos anos foram difíceis, marcados tanto por problemas de saúde – ela sofreu há 10 anos um acidente cardiovascular e pouco depois foi diagnosticada com câncer de cólon e fez um transplante de rim – quanto pelas perdas na família.

Em 2018 morreu seu primogênito, Craig, que cometeu suicídio aos 59 anos, e em 2022, Ronnie, o mais novo de seus quatro filhos, faleceu de câncer aos 62 anos. EFE