António Guterres. EFE/Arquivo/Ahmed Jalil

Guterres propõe pacto global para gerenciar desenvolvimento da inteligência artificial

Nações Unidas (EFE) – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, propôs nesta segunda-feira um pacto global para gerenciar as tecnologias digitais, incluindo o rápido avanço da inteligência artificial (IA), que a organização alerta que pode trazer ameaças difíceis de controlar.

Guterres, que em 2021 lançou a ideia de um Pacto Digital Global que já defendia promover a regulamentação da IA, detalhou suas ideias sobre como fazer isso em um documento de 30 páginas.

A intenção da ONU é que governos, setor privado e sociedade civil adotem o acordo em setembro de 2024, durante a chamada Cúpula do Futuro da organização. Embora o Pacto Digital Global proposto por Guterres seja abrangente, um de seus eixos de maior destaque é a inteligência artificial, especialmente após os rápidos avanços observados nos últimos meses.

“Estamos começando a perceber a escala de seu potencial disruptivo, tanto positivo quanto negativo, mas ainda precisamos nos reunir para considerar as questões e colaborar na identificação de riscos e formas ágeis de mitigá-los”, explicou.

Guterres, em um discurso nesta segunda-feira, ressaltou que um “limiar digital foi recentemente ultrapassado, com o uso generalizado de IA generativa na forma de ChatGPT e muitos outros aplicativos, uma tecnologia que terá um grande impacto, mas não está claro que será bom”.

“A perspectiva de um maior progresso tecnológico agora geralmente gera mais medo do que esperança. Até mesmo aqueles que desenvolveram a IA e que mais se beneficiariam com ela expressaram profunda preocupação e pediram, até mesmo imploraram, por ações em sua governança”, enfatizou.

Responsabilidade

Guterres acredita que é necessário garantir que o projeto e o uso da IA sejam transparentes, seguros e sob o controle de seres humanos que possam ser responsabilizados, por isso ele defende a combinação de diretrizes e normas internacionais, estruturas regulatórias nacionais e padrões técnicos em uma estrutura que facilite o gerenciamento “ágil” dessas novas tecnologias.

Assim, entre as ações propostas estão a implementação urgente do trabalho de pesquisa com empresas para garantir que os sistemas de IA sejam seguros e alinhados com os valores humanos, e o estabelecimento de um grupo consultivo de alto nível com especialistas que se reúnam regularmente para tratar dessas questões.

Além disso, o secretário-geral da ONU pede que os governos cheguem a um acordo com o setor sobre diretrizes para orientar o desenvolvimento da IA ou se comprometam a fortalecer a transparência e incluir equipes de direitos humanos e ética nesse trabalho.

Por fim, Guterres pede que sejam consideradas “proibições sobre o uso de aplicativos cujo potencial ou impacto não possa ser justificado de acordo com a lei internacional de direitos humanos”, embora não especifique quais.

Há anos, Guterres vem alertando, por exemplo, sobre o risco das chamadas armas autônomas, sistemas militares guiados por inteligência artificial que podem tomar suas próprias decisões para lançar um ataque. EFE