EFE/Arquivo/Jorge Torres

Mulheres trans são mais vulneráveis ​​à varíola dos macacos, diz pesquisa

Barcelona (EFE).- A Fundación Lucha contra las Infecciones e o Hospital Germans Trias de Badalona (Barcelona) analisaram as vias de transmissão e as possibilidades de tratamento da varíola dos macacos e identificaram as mulheres transexuais como um grupo altamente vulnerável que requer uma abordagem particular.

Esta pesquisa, resultado de uma colaboração entre pesquisadores de países da África, Europa e Estados Unidos e liderada pelo infectologista Oriol Mitjà, foi publicada na revista “The Lancet” e representa uma abordagem detalhada da varíola dos macacos, analisando as vias de transmissão e possibilidades de tratamento.

A doença protagonizou um surto na Espanha que já está diminuindo, mas ainda está ativo na América Latina e na África.

Nesse sentido, os pesquisadores também analisaram o risco de morte em pacientes com imunossupressão grave, especialmente em pessoas com infecção por HIV não controlada, mais comum em países de baixa renda.

Por outro lado, o estudo aborda a forma de diagnosticar e tratar pessoas de risco mais rapidamente, e estratégias alternativas para pessoas que não respondem ao tratamento de primeira linha com o antiviral Tecovirimat.

O impacto da doença entre mulheres

No âmbito deste projeto, os pesquisadores analisaram pela primeira vez o impacto da doença entre as mulheres, para permitir um melhor diagnóstico.

Embora até agora a varíola dos macacos tenha afetado principalmente homens que fazem sexo com homens, as mulheres (cisgênero e transexuais) constituem uma porcentagem de pessoas infectadas que deve ser levada em consideração para uma abordagem abrangente e inclusiva da epidemia.

O estudo reflete que mulheres transexuais com varíola dos macacos praticam trabalho sexual em maior proporção do que mulheres cisgênero com a doença, razão pela qual estão mais expostas ao contágio por contato sexual.

Além disso, em 57% desses casos a infecção coexiste com o HIV.

Por outro lado, os dados de contágio de mulheres cisgênero revelam o risco de transmissão não sexual (em casa ou no trabalho), o que deve ser levado em consideração no diagnóstico de casos suspeitos.

“Ambas as publicações serão muito úteis para antecipar a evolução da varíola dos macacos por meio de um melhor diagnóstico e tratamento da doença, tanto em homens quanto em mulheres”, destacou Mitjà.

Após os resultados obtidos nas mulheres transexuais, o pesquisador salientou que estas constituem “um grupo altamente vulnerável que deve ser objeto de uma abordagem particular”. EFE