Magdalena Andersson durante uma coletiva nesta quarta-feira. EFE/JESSICA GOW

Primeira-ministra da Suécia renunciará após perder eleições para a direita

Copenhague, 14 set (EFE).- A primeira-ministra da Suécia, a social-democrata Magdalena Andersson, anunciou nesta quarta-feira que apresentará sua renúncia amanhã após a confirmação da derrota do bloco de centro-esquerda contra a oposição de direita nas eleições legislativas de domingo.

Com 99,7% dos distritos eleitorais apurados, a oposição de direita ganhou as eleições por três cadeiras, 176 a 173, segundo a contagem de hoje da Autoridade Eleitoral, que inclui o voto estrangeiro e os votos antecipados enviados dentro do prazo, mas que não chegaram a tempo.

Os sociais-democratas, a legenda mais votada nos últimos pleitos, conseguiram defender sua primeira posição e alcançaram 30,4% dos votos, dois pontos a mais que em 2018.

Em segundo lugar ficaram os Democratas da Suécia (SD), de extrema-direita, com 20,6%, três pontos a mais que em 2018; à frente dos conservadores do líder opositor, Ulf Kristersson, que caíram sete décimos, para 19,1%.

“Quase todos os votos foram contados, mas o resultado preliminar da eleição é bastante claro”, disse Andersson em entrevista coletiva, na qual previu que será uma legislatura “dura” e “complicada” devido à pequena diferença e expressou preocupação com a ascensão do SD.

“Isso deixa muitos suecos inquietos. Eu vejo essa inquietação e compartilho dela”, declarou a ainda primeira-ministra, que pediu o combate ao ódio e à intolerância e convocou as outras três forças de direita a colocarem “limites” no SD.

A líder social-democrata também destacou que seu partido obteve um resultado eleitoral “sólido” e que é “claramente” o maior da Suécia.

O resultado final coloca o bloco da oposição com 49,6% dos votos contra 49% da centro-esquerda e a diferença entre os blocos passa de uma para três cadeiras, em relação ao resultado preliminar divulgado na segunda-feira.

Na segunda-feira, pouco mais de 44.500 votos separavam os dois blocos, que mantiveram cautela nestes dias enquanto aguardavam o resultado final, embora as quatro legendas do bloco de direita tenham realizado reuniões e a mídia sueca já tenha começado a especular sobre a possível distribuição de pastas.

Na contagem final, o SD foi o grande vencedor das eleições: não só foi a força que mais cresceu, como tirou a liderança do bloco de direita dos conservadores, que a ocupavam desde 1979, e terá uma influência direta na formação do governo após uma década de isolamento.

Esta formação de extrema-direita, com raízes neonazistas no final dos anos 80, foi submetida a um “cordão sanitário” pelo resto das forças desde que entrou no Parlamento em 2010, o que explica por que os social-democratas conseguiram governar em minoria nas duas últimas legislaturas, apesar de haver maioria da direita na Câmara.

Na última legislatura, foi necessário um pacto com centristas e liberais, rompendo a aliança centro-direita que existia desde 2004, para manter o isolamento, embora conservadores, democratas-cristãos e liberais, que voltaram a mudar de lado, há muito defendam negociar com a extrema-direita, ainda que não esteja no governo.

A mídia sueca está divulgando a possibilidade de que conservadores e democratas-cristãos formem um Executivo minoritário, chefiado por Kristersson e apoiado de fora pelas outras forças do bloco.

No entanto, o SD reivindicou um papel “central” e pretende “fazer parte do governo”, como disse seu líder, Jimmie Åkesson, na noite das eleições. EFE