Bombeiros trabalham em Santa Juana, Biobío (Chile). EFE/ Adriana Thomasa

Toque de recolher será decretado em região afetada por incêndios no Chile

Concepción (Chile) (EFE).- O contra-almirante Jorge Keitel, chefe da Defesa da região central de Biobío, epicentro dos graves incêndios que assolam o Chile, anunciou nesta quinta-feira que será decretado um polêmico toque de recolher em oito comunas a partir de amanhã para prevenir possíveis assaltos e saques.


Segundo o militar, a medida restritiva começará à meia-noite e afetará as comunas de Arauco e Contulmo, na província de Arauco; Mulchén e Nacimiento na província de Biobío; Tomé, Florida, Santa Juana e Hualqui na província de Concepción.

A decisão é adotada poucas horas depois que o presidente chileno, Gabriel Boric, ter anunciado essa possibilidade durante uma visita a Santa Juana e em meio a uma polêmica sobre a conveniência de restringir os movimentos.

Solicitação feita por empresários

A solicitação pelo toque de recolher foi feita por grupos de empresários, mas as equipes de resgate que combatem o incêndio são contra por dificultar a ação rápida contra novos focos e dificultar os trabalhos de evacuação caso as chamas se alastrem.

Os incêndios, que completam uma semana e ainda não foram controlados, causaram a morte de 24 pessoas, destruíram mais de 1,2 mil residências e deixaram mais de 5,5 mil desabrigados nas regiões de Ñuble, Biobío, La Araucanía e Maule.

A falta de meios – no Chile o corpo de bombeiros não é profissional -, a má gestão das florestas e as condições climáticas adversas aceleraram a tragédia, a mais grave de sua natureza no país.

Um total de 15 pessoas foram presas até o momento por suposta responsabilidade no início do incêndio, a maioria por negligência.

O governo recorrerá à força

O presidente do Chile, Gabriel Boric, alertou nesta quarta-feira que o governo recorrerá à força caso se repitam situações em que pessoas impeçam o acesso à água de suas piscinas e outros reservatórios privados para as equipes que combatem os graves incêndios que devastam o país.


Em entrevista coletiva em um abrigo em Santa Juana, epicentro da tragédia, o presidente chileno destacou que “se necessário, máquinas e água serão requisitadas à força para quem não estiver disposto a entregá-las”.

Gabriel Boric


A polêmica veio à tona depois que um piloto espanhol denunciou ter sido impedido de recarregar seu helicóptero em uma piscina privada, evidenciando a falta de recursos e os problemas logísticos sofridos pelo Chile, país onde o corpo de bombeiros não é profissional e está nas mãos de voluntários e empresas privadas licenciadas.


Em sua quarta visita à região de Biobio, uma das mais afetadas, Boric pediu “responsabilidade” e “respeito” para os voluntários que combatem os incêndios e para aqueles que perderam suas casas ou entes queridos.


“Existem teimosos que continuaram realizando atividades de alto risco: hoje cortar a grama pode gerar uma faísca”, comentou.
Boric criticou ainda que “há muita negligência dolosa na geração dos incêndios” e alertou os responsáveis ​​pelos incêndios que “será aplicado a eles todo o rigor da lei”.