Belém (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, durante o segundo dia de debates da Cúpula da Amazônia, que os países em desenvolvimento não podem aceitar um “neocolonialismo verde” e defendeu a facilitação de financiamento internacional para projetos sustentáveis.
“Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, sob o pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos normativos e políticas domésticas”, afirmou Lula durante seu discurso na cúpula que acontece em Belém.
“O que precisamos para dar um salto de qualidade é de financiamento de longo prazo e sem condicionalidades para projetos de infraestrutura e industrialização verdes”, acrescentou.
Nos últimos meses, o presidente tem sido muito crítico às exigências ambientais que a União Europeia (UE) anexou ao acordo comercial que alcançou com o Mercosul em 2019.
Essas novas garantias verdes, que o bloco europeu quer incluir e que Lula qualifica como “ameaças”, paralisaram mais uma vez o processo de ratificação do acordo, negociado há quase um quarto de século.
Em uma nova crítica ao mundo desenvolvido, Lula comentou que os países detentores de florestas tropicais, como a Amazônia, “herdaram do passado colonial um modelo econômico predatório”, baseado “na exploração irracional dos recursos naturais, na escravidão e na exclusão sistemática das populações locais”.
“Os efeitos são sentidos por nossos países até hoje”, declarou Lula no âmbito da cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que hoje foi estendida a países como República do Congo, República Democrática do o Congo e Indonésia, que também possuem grandes áreas de floresta tropical.
Nesse sentido, destacou que “não se pode falar de florestas tropicais e mudanças climáticas sem abordar a responsabilidade histórica dos países desenvolvidos”.
“Foram eles que, ao longo dos séculos, mais desperdiçaram recursos naturais e mais poluíram o planeta. Os 10% mais ricos da população mundial concentram mais de 75% da riqueza e emitem quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera”, ressaltou.
“Não haverá sustentabilidade sem justiça. Também não haverá sustentabilidade sem paz”, completou.