O presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), Carlos Silva Filho, o gerente da Divisão da Hidrelétrica de Itaipú, Simone Frederigi Benassi, o Diretor da EFEVerde, Arturo Larena e o Diretor da ONG suíça a Ecotechsy Fernando Meier participaram da primeira edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela Agência EFE em São Paulo (Brasil). EFE/ Sebastião Moreira

Leis frouxas, logística e “efeito covid” são desafios para gestão de resíduos na América Latina

São Paulo, (EFE).- A América Latina enfrenta um desafio para a boa gestão dos resíduos sólidos, afetada por uma legislação “frouxa”, problemas logísticos e o efeito negativo causado pela pandemia de covid-19, disseram especialistas nesta quinta-feira no I Fórum Latino-Americano de Economia Verde, realizado em São Paulo.

“É um desafio integrar soluções de reciclagem em um movimento de economia de escala”, disse Carlos Silva Filho, presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA).

Durante o evento, organizado pela Agência EFE, a mesa redonda “Conquistas e desafios na gestão de resíduos sólidos na América Latina” destacou que a região produz 230 milhões de toneladas de resíduos por ano somente nos centros urbanos, de acordo com dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Desse total, apenas 5% são tratados adequadamente.

“Precisamos enfrentar a tripla crise planetária, agora chamada de multicrise, para combater a poluição, evitar a perda da biodiversidade e mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, explicou o diretor da ISWA.

Segundo Silva Filho, é preciso “avançar no modelo de desenvolvimento sustentável” porque “um único planeta Terra não é suficiente para suprir nossas demandas” diante de um “déficit de aproveitamento” desses resíduos.

Só no Brasil, a previsão é de que o país produza 100 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano até 2033, um aumento de 21% em uma década.

De acordo com Fernando Meier, presidente da ONG suíça Ecotechsy, a situação se agravou durante a pandemia de covid-19, quando a quantidade de resíduos hospitalares gerados por pessoa em todo o mundo subiu de 0,7 para 2,5 quilos por dia.

Na pandemia, de acordo com Meier, foram descartados 140 milhões de testes clínicos, o equivalente a 2.600 toneladas, e 731.000 litros de resíduos químicos, enquanto as 8 bilhões de vacinas geraram 144.000 toneladas de resíduos.

Por sua vez, o diretor da plataforma EFEVerde, Arturo Larena, destacou a “importância de comunicar e transmitir a todos os cidadãos” que é necessária uma mudança na reciclagem como parte da “transição energética justa”, sem esquecer “os mais frágeis”.

“É preciso cuidar dos recicladores de base”, e “os três ‘R’s’ (reduzir, reutilizar e reciclar) da economia circular” devem ser aplicados sob princípios de “transparência e comunicação”, acrescentou Larena.

Dados da ONG WWF indicam que, apesar de 27 dos 33 países da América Latina e do Caribe terem legislado sobre plásticos de “uso único”, 145.000 toneladas de resíduos por dia ainda não são tratadas corretamente.

Nesse sentido, Meier comentou que a legislação na região ainda é “muito rasa e fraca”.

O tratamento de resíduos sólidos deve garantir a “segurança hídrica”, segundo Simone Frederigi Benassi, gerente da Divisão de Reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu.

No triênio 2019-2021, a maior usina hidrelétrica do país reciclou 93.611 toneladas de resíduos sólidos com pescadores de 55 municípios do entorno, o que gerou um impacto de redução de custos de quase R$ 280 milhões.

O I Fórum Latino-Americano de Economia Verde, realizado nesta quinta-feira no Teatro Vivo, em São Paulo, é patrocinado por ApexBrasil e AkzoNobel, com o apoio da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil e da Iberia.