São Paulo (EFE) – Organizações internacionais, empresas e ONGs destacaram nesta quinta-feira a delicada situação dos recursos hídricos na América Latina e a necessidade de mudar sua gestão durante a primeira edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela agência de notícias EFE em São Paulo, com patrocínio da ApexBrasil e da AkzoNobel.
Em meio a uma seca histórica na Amazônia, a assessora do Green Building Council no Brasil, Virgínia Sodré, citou dados que mostram que a mudança climática causou prejuízos de R$ 55 bilhões e que nos últimos cinco anos foi investido muito menos para combatê-la.
O secretário-executivo do Observatório das Águas, Ângelo Lima, alertou sobre o Brasil ter perdido 16% de sua área de água doce nos últimos anos e por haver 35 milhões de brasileiros sem acesso a água potável, o que reflete problemas de gestão.
“Temos regiões com muita água, mas com problemas de abastecimento durante a temporada seca”, afirmou Lima.
Henrique Chaves, coordenador do programa GRAPHIC da Unesco, disse que “quem não se preparar para as consequências das mudanças climáticas vai sofrê-las”, e apontou a possibilidade de redução no fornecimento de água para as grandes cidades no futuro.
Diante dessa situação, os participantes do debate concordaram com a necessidade de melhorar a governança dos recursos, de usar tecnologias de ponta para avaliar a evolução das fontes de água e de modificar os processos industriais.
Sodré, por exemplo, pediu que as indústrias que utilizam água, incluindo os futuros projetos de hidrogênio verde, “olhem” para o seu ambiente, pois a gestão dos recursos hídricos deve ser “integrada e não unilateral”.
Flávia Takeuchi, gerente de Sustentabilidade da empresa de tintas e revestimentos AkzoNobel, disse que sua fábrica recicla 100% da água usada em seus processos e que promoveu projetos de conservação em uma floresta próxima para garantir a recarga do aquífero, porque, conforme ressaltou, “sem água, não há tinta”.
Chaves, por sua vez, destacou os esforços da Unesco para desenvolver sistemas para medir os níveis de vários aquíferos na região, bem como indicadores para avaliar o impacto dos pesticidas na poluição da água.
O I Fórum Latino-Americano de Economia Verde foi realizado nesta quinta-feira no Teatro Vivo, em São Paulo, e patrocinado por ApexBrasil e AkzoNobel, com o apoio da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil e da Iberia.
Entre os participantes também estiveram representantes de alto nível de instituições como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Banco Mundial, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA).