Na Assembleia da ONU, Bolsonaro usa tom de campanha e ataca Lula

Nações Unidas, 20 set (EFE).- O presidente Jair Bolsonaro fez nesta terça-feira, na Assembleia Geral da ONU, um discurso focado nas eleições presidenciais de outubro, fez alusão aos mandatos dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e alegou que seu governo “extirpou a corrupção sistêmica que existia no país”.

Como presidente do Brasil, seguindo a tradição, Bolsonaro foi o primeiro entre os chefes de Estado e de governo a se pronunciar na Assembleia da ONU, e usou a tribunal para fazer um ataque indireto a Lula, a quem vai enfrentar nas urnas.

“No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país. Somente entre o período de 2003 e 2015, quando a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político e desvios chegou à casa dos US$ 170 bilhões”, afirmou Bolsonaro, sem citar Lula diretamente no discurso.

O presidente Jair Bolsonaro discursa durante a Assembleia da ONU em Nova York nesta terça-feira, 20 de setembro de 2022.

Em tom eleitoral claro, Bolsonaro fez uma espécie de avaliação de seu governo e destacou os temas de sua campanha e a defesa de valores conservadores como a defesa da família, do direito à vida desde a concepção e a rejeição da ideologia de gênero.

A Guerra na Ucrânia

Em nível internacional, ele se referiu às consequências que a guerra na Ucrânia teve sobre o mundo, como sobre questões climáticas, e se mostrou contrário a qualquer tipo de sanção como fórmula para pôr fim ao conflito.

“As consequências do conflito já se fazem sentir nos preços mundiais dos alimentos, dos combustíveis e de outros insumos. Esses impactos nos colocam na contramão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Países que se apresentavam como líderes da economia de baixo carbono agora passaram a usar fontes sujas de energia. Isso configura um grave retrocesso para o meio ambiente”, disse.

Nesse contexto, Bolsonaro afirmou que o Brasil está empenhado em promover o diálogo entre todos os atores do conflito e fez “um apelo às partes, bem como a toda a comunidade internacional: não deixem escapar nenhuma oportunidade para pôr fim ao conflito e garantir a paz”.

“Defendemos um cessar-fogo imediato, a proteção de civis e não-combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”, disse.

Bolsonaro chegou a Nova York em voo procedente de Londres, onde participou ontem do funeral da rainha Elizabeth II e causou polêmica ao falar com apoiadores de sua campanha em meio ao luto no Reino Unido pela morte da soberana.

De acordo com a agenda oficial do presidente, antes de retornar ao Brasil ele deverá se encontrar com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e com o presidente do Equador, Guillermo Lasso. EFE

Confira o discurso completo de Bolsonaro na ONU