A bebê espanhola Emma, primeira pessoa a receber um intestino de um doador morto. EFE/ Borja Sanchez-Trillo

Bebê espanhola é 1º pessoa a receber intestino de doador morto

Madri (EFE).- Emma, uma bebê espanhola de 13 meses, é o primeiro caso no mundo a receber um transplante multidisciplinar de intestino “em assistolia”, uma técnica em que os órgãos e tecidos do doador são mantidos com oxigenação extracorpórea uma vez certificada a morte.

A operação, que constitui um marco neste tipo de transplante, foi realizada no hospital público madrileno de La Paz, e foi anunciada nesta terça-feira pelo governo regional de Madri, em cerimônia que contou com a presença da diretora da Organização Nacional de Transplantes (ONT), Beatriz Domínguez-Gil, da equipe médica do hospital e os pais da bebê.

A bebê foi transplantada através de uma doação em “assistolia”, que consiste na doação de órgãos e tecidos de uma pessoa que teve a morte diagnosticada após a confirmação da cessação irreversível das funções cardiorrespiratórias (ausência de batimentos cardíacos e respiração espontânea), órgãos que são preservados com um sistema de oxigenação extracorpórea.

Esta técnica “torna possível a utilização de órgãos sólidos que de outra forma se perderiam”, de acordo com especialistas.

A menina, que está agora em perfeitas condições em casa, sofreu de uma “falha intestinal” diagnosticada no primeiro mês de vida e apresentava quadro de saúde muito deteriorado, explicou o serviço de saúde de Madri.

Transplantes de intestino

Apesar de 30% dos candidatos morrerem na lista de espera, o intestino de uma doação em “assistolia” nunca tinha sido utilizado por se considerar que não seria válido, dadas as características especiais deste órgão.

Contudo, o Grupo de Malformações Congênitas e Transplante do Instituto de Pesquisa Sanitária do Hospital de la Paz lançou um projeto de estudo com a duração de três anos, no qual experimentou e demonstrou que o intestino doado era válido. A operação foi um “sucesso” e teve a participação de profissionais de até sete especialidades pediátricas.

Segundo o serviço de saúde de Madri, nos últimos anos o número de pacientes que necessitam de um transplante de órgãos sólidos para se manterem vivos aumentou e “a doação em assistolia está se tornando uma fonte cada vez mais importante, uma vez que nos adultos já representa um terço das doações” feitas na Espanha.

Esta técnica foi utilizada em La Paz pela primeira vez em 2014 em adultos, e em setembro de 2021 em crianças, mas a equipe de transplante infantil já tinha realizado o procedimento em três hospitais de Madri e nas regiões do País Basco (norte) e de Andaluzia (sul), o primeiro deles em 2018. EFE