Chineses circulam pelas ruas de Pequin nesta terça-feira. EFE/ Mark R. Cristino

China busca superar onda de covid que ameaça agora áreas rurais

Pequim (EFE).- A China continua a sofrer a devastação da onda de covid que começou no final do ano passado e agora parece estar ameaçando as populações rurais.

Com a onda de contágios tendo atingido seu auge em grandes cidades como Pequim, onde agora já se vive um clima próximo ao da normalidade, com o trânsito e empresas em ritmo habitual, a preocupação está agora em áreas distantes dos principais centros urbanos.

Há uma preocupação especial que as áreas rurais não tenham medicamentos suficientes para enfrentar um surto durante o Ano Novo Lunar, o período em que os chineses geralmente viajam a suas cidades de origem. Em 2023, ele será de 21 a 27 de janeiro.

O diretor do Departamento de Assuntos Médicos da Comissão Nacional de Saúde, Jiao Yahui, pediu à população rural chinesa que se prepare para que “pessoas com condições graves possam ser transferidas, no mínimo, para um hospital de nível regional”.

Em reunião em dezembro, o Conselho de Estado (órgão executivo chinês) solicitou aos governos locais que priorizassem os serviços de saúde nas áreas rurais “para proteger as pessoas”, observando “sua relativa escassez de recursos para a saúde”.

Imagens e vídeos compartilhados em redes sociais continuam a mostrar nos últimos dias situações de grande pressão hospitalar.

“Em 2023, a batalha para evitar casos graves e mortes já começou. Todos os hospitais na China estão trabalhando arduamente para salvar vidas”, disse no Twitter o influente jornalista chinês Hu Xijin, ex-editor do jornal “Global Times”, nos últimos dias.

Hoje, Hu postou uma mensagem de que, “embora a onda ainda não tenha acabado”, “cenas de melhora já podem ser vistas em toda a China”, com “um retorno à normalidade mais rápido do que o esperado”.

Mais de 50 milhões de viagens

O período pré-Ano Novo Lunar tem registrado até agora o movimento de 52,7 milhões de pessoas no primeiro período festivo desde que foram eliminadas em dezembro as restrições a veículos aplicadas nos últimos anos.

Isso representa um aumento de 0,44% em relação ao mesmo período do ano passado, e mostra uma recuperação de 42,8% em relação aos números do mesmo período em 2019, os últimos de antes da pandemia.

Os dados refletem um retorno à normalidade nas viagens interprovinciais, que tinham sido fortemente restringidas nos últimos meses, uma vez que a covid continua a se espalhar por toda a China.

Entretanto, a rápida disseminação do vírus pelo país após a retirada da política de “zero covid” levantou dúvidas sobre a confiabilidade dos dados de contágios e mortes – poucas foram registradas recentemente pela doença, apesar de cidades e províncias terem calculado que uma proporção significativa de suas populações se infectou.

Por isso, a Organização Mundial da Saúde expressou recentemente estar “muito preocupada” com a evolução da covid na China e pediu “mais informações”. Pequim respondeu que compartilhou seus dados “de forma aberta, pontual e transparente”.

A empresa britânica de análise do setor de saúde Airfinity estimou nos últimos dias que a China está atualmente sofrendo cerca de 9 mil mortes por dia por covid.

Estratégia otimizada

“A China otimizou sua estratégia, pois a situação da pandemia, com patogenicidade enfraquecida, uma alta taxa de vacinação e mais experiência em prevenção e controle, mudou. Os esforços devem agora se concentrar na prevenção de casos graves e mortes”, justificou o jornal “China Daily” em sua edição desta terça-feira.

O jornal também atacou aqueles que impuseram restrições aos viajantes da China.

“Esta prática é pura discriminação. Os protocolos de viagem internacional devem ser baseados em fatos e ciência, e não em preconceitos”, alegou.

A partir de 8 de janeiro, a covid deixará de ser uma doença de categoria A na China – o nível de perigo mais alto, para o qual as medidas mais rigorosas são necessárias para contê-la – e passará para a B, com controles menos intensos, marcando efetivamente o fim da política “covid zero”. EFE