Jarbas Barbosa. EFE/Arquivo/Lenin Nolly

Jarbas Barbosa assume comando da OPAS com meta de reforçar sistema sanitário

Washington (EFE).- O epidemiologista brasileiro Jarbas Barbosa tomou posse nesta terça-feira como novo diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) com a promessa de fortalecer o atendimento sanitário na região e de que o organismo estará preparado para possíveis novas epidemias.

Um de seus objetivos, segundo disse em discurso em Washington (onde fica a sede da entidade), é tirar lições da pandemia de covid-19 e abordar as fragilidades existentes para enfrentar as ameaças à medida que surgirem.

“A OPAS está pronta para apoiar os países a se recuperarem do impacto negativo da pandemia em quase todos os programas prioritários de saúde, mas é preciso ir além (…) Nenhum sistema de saúde vai responder às necessidades da população se não não se preocupa permanentemente em identificar os grupos que estão sendo deixados para trás”, afirmou.

Barbosa conquistou o cargo em setembro do ano passado com 21 dos 37 votos emitidos na quarta rodada de um processo realizado durante a 30ª Conferência Sanitária Pan-Americana, em Washington.

Seu mandato de cinco anos, que começa oficialmente na quarta-feira, sucede ao da dominicana Carissa Etienne, que está à frente da entidade desde 2012 e que nesta terça-feira elogiou a capacidade de escuta e o trabalho de Barbosa na coordenação do fornecimento de vacinas contra a covid-19 para a região.

Durante a pandemia, Barbosa liderou as atividades da OPAS destinadas a reduzir seu impacto em programas prioritários de saúde. Além disso, presidiu o grupo de trabalho sobre vacinação contra a covid na região e inaugurou uma plataforma para expandir a produção de vacinas de RNA mensageiro.

O epidemiologista iniciou sua carreira profissional em 1982 na Secretaria de Saúde de Pernambuco. Entre 1997 e 2003, foi diretor do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) em Brasília.

Na OPAS, iniciou sua carreira em 2007 como gerente da área de Vigilância em Saúde, Prevenção e Controle de Doenças. Já em 2011, voltou ao Ministério da Saúde como secretário de Vigilância em Saúde, posteriormente assumindo a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos.

Antes de se tornar diretor assistente da OPAS, Barbosa foi diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre 2015 e 2018.

Nesta terça-feira, reiterou seu compromisso de ajudar os países-membros com as “melhores ferramentas disponíveis”, especialmente na vigilância de tendências epidemiológicas, e disse estar disposto a trabalhar para a rápida incorporação de estratégias “inovadoras”, adaptadas às realidades de cada um.

“Os sistemas de saúde precisam ter mais capacidade de identificar as barreiras de acesso. Não podemos esquecer que vivemos em uma região com desigualdades históricas”, destacou na cerimônia de posse, que contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e seus homólogos de Estados Unidos, Argentina, Chile, El Salvador, Antígua e Barbuda, Haiti e Jamaica.

Barbosa prometeu exercer sua liderança com lealdade, discrição e sem aceitar instruções de governos ou autoridades fora da OPAS ou da OMS, e opinou que a covid-19 deve continuar sendo uma emergência de saúde pública de importância internacional, uma vez que sua incidência ainda é muito diferente no mundo.

“Ele deixou claro seu compromisso com a saúde e a ciência”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na mensagem lida em seu nome por Nísia Trindade, na qual destacou que o Brasil tem um impulso renovado para voltar a ser “com toda certeza a força positiva com que sempre atuou” na região.

A OPAS, fundada em 1902, é o braço americano da Organização Mundial da Saúde (OMS), encarregado de assessorar os governos e instituições de saúde de seus 35 Estados-membros. Além disso, conta com mais quatro membros associados, três Estados participantes e dois observadores (Espanha e Portugal). EFE