Kristalina Georgieva. EFE/Arquivo/MICHAEL REYNOLDS

FMI afirma que a economia global está “melhor do que o esperado”, exceto nos países pobres

Washington (EFE).- A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou nesta quarta-feira que a economia mundial tem resistido às crises melhor do que o esperado, mas advertiu que os países de baixa renda se saíram pior do que o previsto.

“A economia mundial está hoje melhor do que temíamos há um ano, o crescimento está se mantendo, a inflação está caindo e a expectativa de que superaremos esta fase de inflação elevada sem recessão, a chamada aterragem suave, também se traduzirá em melhores condições para países de baixa renda”, disse Georgieva.

No entanto, acrescentou, o impacto da pandemia e de outros “choques”, como a guerra na Ucrânia, “é sentido mais profundamente” nos países pobres.

“Nossa análise mostra que o medo gerado pelos ‘choques’ nas economias avançadas e nas economias de mercado emergentes é menor do que temíamos, mas o medo nos países de baixa renda é maior do que esperávamos”, explicou.

Goergieva participou hoje junto ao presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, em um fórum em Washington para discutir o que os países de baixos rendimentos podem fazer para fomentar a estabilidade macroeconômica, promover o crescimento sustentável e inclusivo e desbloquear o progresso em direção aos objetivos do desenvolvimento sustentável.

Segundo Georgieva, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países de baixa renda está hoje 10% abaixo do projetado antes da pandemia e a maioria tem “altos níveis de dívida”, que consomem “13% do PIB”.

“O que me preocupa especialmente é que, como o crescimento é lento, as chances de recuperação pioram”, observou a diretora.

Na opinião de Banga, não podemos esquecer que o pagamento da dívida se traduz no adiamento de melhorias em “saúde e educação”, por exemplo.

“Na verdade, vários deles estão gastando mais com o pagamento de suas dívidas do que alguma vez conseguirão gastar em cuidados de saúde e educação e isso apenas mostra o quão desafiantes são suas próprias circunstâncias”, explicou.

O FMI e o Banco Mundial realizam na semana do próximo dia 15 suas reuniões de primavera, nas quais os desafios dos países de baixa renda serão um dos temas centrais.

“Penso que nos próximos anos será o momento da nossa história em que o FMI irá concentrar mais sua atenção e seus programas no grupo dos países de baixa renda”, explicou.

E nos próximos quatro anos, detalhou, “os países de baixa renda precisariam de 814 bilhões” de apoio internacional.

“Obviamente, não pode ser apenas financiamento das nossas instituições e uma grande parte tem que vir de investimentos do setor privado a nível nacional e internacional”, disse. EFE