A presidente interina do Fonplata. Luciana Botafogo. EFE/Juan Carlos Torrejón

Fonplata promove debate sobre cidades sustentáveis e inclusivas

Gina Baldivieso

Santa Cruz (EFE).- O planejamento mais eficaz para que as cidades sejam sustentáveis e ofereçam qualidade de vida, além de uma perspectiva de gênero e inclusão em resposta às crises globais será o tema central de um evento em Brasília, que será promovido pelo banco de desenvolvimento Fonplata.

Organizado pela instituição financeira formada por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, em parceria com o Instrumento de Investimentos na América Latina (LAIF), o “Fórum de Prefeitos: Cidades Sustentáveis”, será realizado nos dias 15 e 16 de março e também conta com o apoio do Banco Europeu de Investimentos (BEI) e da Agência Francesa de Desenvolvimento.

A brasileira Luciana Botafogo, presidente interina do Fonplata, explicou em entrevista à Agência EFE que o evento será um espaço para que os prefeitos se encontrem e apresentem “as melhores práticas sobre de planejamento para que as cidades sejam ambientes com qualidade de vida, sustentáveis do ponto de vista climático e atentas às necessidades da população”.

Diante de um contexto global pós-pandemia de covid-19, marcado por crises, como a climática e a econômica, Botafogo defendeu a importância de “planejar bem e verificar onde serão alocados os recursos do município”.

De acordo com ela, um planejamento adequado é vital, já que, atualmente, todos os municípios da região enfrentam “dificuldades fiscais”, situações de “endividamento” e “enormes lacunas nos setores de infra-estrutura, saúde e educação”, além de disporem de recursos “mínimos”.

“Hoje, o desenvolvimento sustentável é uma questão para todos os países. Não há como os países pensarem em desenvolvimento sem pensar em sustentabilidade, o que inclui aspectos financeiros, fiscais, sociais e climáticos. Todos eles estão juntos, no mesmo pacote”, defendeu a especialista.

Por isso, segundo Botafogo, um dos papéis das organizações multilaterais como os bancos de desenvolvimento neste contexto é “promover a discussão e buscar as melhores práticas” de planejamento territorial urbano, para que os municípios possam investir melhor seus recursos.

E esse é exatamente o objetivo do fórum, que será realizado de forma presencial em Brasília, além de contar também com transmissão via internet em espanhol e em português.

Em sua primeira parte, o evento se centrará nas próprias cidades sustentáveis, com a apresentação de exemplos de boas práticas de desenvolvimento urbano dos municípios de Itajaí (SC), Vila Velha (ES) e Recife (PE).

Neste segmento, o Fonplata também apresentará os resultados de um estudo sobre as características, tipologias e problemas das cidades intermediárias no Brasil, a fim de apoiar estes municípios no planejamento de seu desenvolvimento, levando em conta aspectos como mobilidade urbana, sustentabilidade climática, acesso a água potável, saneamento e gestão de resíduos sólidos.

Liderança feminina

A segunda parte do evento se aprofundará em temas ambientais e de igualdade de gênero, para que as cidades estejam preparadas para atender de forma igualitária às necessidades de toda a população.

Nesse sentido, será promovido um diálogo sobre sustentabilidade urbana e a importância de medir os riscos climáticos em projetos sustentáveis, bem como o papel dos bancos de desenvolvimento supranacionais nesse âmbito.

As questões de gênero e da diversidade no desenvolvimento urbano também serão abordadas durante um debate sobre “liderança feminina” na região e “como apoiar mulheres para que tenham mais poder de decisão e uma maior participação nesses processos”, explicou Botafogo.

A presidente interina do Fonplata também considerou importante que as organizações multilaterais tenham ferramentas para medir, monitorar e acompanhar os projetos que financiam, com o objetivo de “garantir que os países possam ter instrumentos” que facilitem contratações ou licitações com uma “visão transversal de gênero e diversidade”.

Botafogo destacou que o banco de desenvolvimento está trabalhando na criação de um plano de ação para fortalecer a liderança das mulheres internamente com o apoio do BEI, e chamou a atenção para o fato de ser a primeira mulher à frente de um banco multilateral regional.

“Para mim é um orgulho e um grande desafio, porque, normalmente, quando as mulheres assumem posições de liderança, se espera muito mais delas do que dos homens. E o desafio aqui é liderar como mulher, pensar como mulher, mas os resultados são os mesmos, eles têm que ser os mesmos”, disse ela.

Botafogo afirmou que, apesar de “todos os bancos multilaterais da região serem liderados por homens”, há “uma tendência à equidade” nestes espaços no futuro.

Em sua opinião, “para termos maior igualdade de gênero, devemos começar de baixo para cima”, com programas dentro das organizações que permitam o desenvolvimento de líderes mulheres desde o início de suas carreiras. EFE