O presidente da Colômbia, Gustavo Petro. EFE/Arquivo/Carlos Ortega

Petro acusa promotor de atacar Constituição ao investigar campanha presidencial

Bogotá (EFE).- O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou o procurador-geral, Francisco Barbosa, de realizar um “golpe contra a Constituição”, depois que aquela entidade ter solicitado à Comissão de Acusações da Câmara e outras organizações que investigassem o financiamento de sua campanha eleitoral de 2022.

Petro respondeu desta forma a um comunicado divulgado ontem à noite pelo Ministério Público no qual indicava ter notificado os órgãos de controle sobre a suposta entrada de dinheiro não declarado na sua campanha presidencial, com base em declarações do seu filho mais velho, Nicolás Petro Burgos, processado por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.

“O procurador-geral está compilando cópias contra mim, com base em interrogatório extrajudicial onde o interrogador de sua entidade faz perguntas sobre mim, questão que é um verdadeiro golpe contra a Constituição, visto que sou pessoa com foro, como senador naquela época e como presidente agora”, disse Petro.

O mandatário criticou também que “de forma aberrante, uma revista publica o interrogatório do meu filho, quando a lei não permite a publicação daqueles documentos que lhe foram entregues de forma irresponsável e criminosa”.

No último sábado, a revista “Semana” publicou os vídeos de um interrogatório no Ministério Público em que Nicolás Petro Burgos revelou que seu pai sabia do suposto dinheiro irregular que entrou na campanha com a qual venceu as eleições de 2022.

Nesse interrogatório, Petro Burgos destacou que seu pai “sabia perfeitamente” que Euclides Torres, empresário de Barranquilla, “foi quem financiou a campanha”, dinheiro aparentemente ilegal porque não foi comunicado ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), segundo o filho do presidente.

“E de forma ainda mais aberrante, no interrogatório do meu filho fala-se do financiamento de um ato aparentemente do empresário Euclides Torres que foi realizado cinco meses antes de iniciar a minha campanha, ou seja, não está abrangido pela lei eleitoral de campanhas”, acrescentou o presidente em sua mensagem de hoje.

Em uma aparente admissão de que sabia o que aconteceu, Petro criticou que nem o Ministério Público nem a revista “sequer pensaram em verificar a data do evento para ver se aquele ato, a manifestação de Petro em Barranquilla, estava coberto pela lei de financiamento de campanha”.

A manifestação a que Petro se refere aconteceu no dia 10 de setembro de 2021, em Barranquilla, onde o palco foi decorado com uma imensa letra “P” vermelha, em torno da qual se reuniram os participantes.

Segundo Petro, “o procurador-geral certifica cópias à Comissão de Impeachment da Câmara sobre um fato que não tem nada de irregular: uma reunião política, que é um direito, e que não pertencia à campanha simplesmente porque foi realizada cinco meses antes” das eleições, quando aparentemente não estava limitado pelas leis eleitorais.

Com base nas declarações de Nicolás Petro, o Ministério Público anunciou ontem à noite que o procurador delegado ao tribunal responsável pelo caso enviou “cópias à Comissão de Acusações da Câmara dos Deputados, à Câmara Investigativa do Supremo Tribunal de Justiça e ao Conselho Nacional Eleitoral, para que (…) seja investigada a suposta ocorrência de crimes relacionados ao financiamento da campanha presidencial” do Petro em 2022.

Como Petro é um funcionário protegido por foro presidencial, a Comissão de Acusações da Câmara é o único órgão competente para investigá-lo e eventualmente julgá-lo.

Segundo o Ministério Público, essas notificações foram feitas porque em interrogatório ocorrido no dia 2 de agosto, Petro Burgos “fez algumas declarações sobre a suposta materialização de condutas criminosas como a entrada de dinheiro aparentemente irregular na campanha presidencial do doutor Gustavo Francisco Petro Urrego, atual presidente da República da Colômbia”. EFE