Especialistas defendem financiamento e inovação para transição energética na América Latina

São Paulo (EFE) – Financiamento e inovações tecnológicas são fundamentais para impulsionar a transição energética para fontes renováveis na América Latina, de acordo com especialistas e autoridades que participaram nesta quinta-feira do I Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela agência de notícias EFE em São Paulo, com patrocínio da ApexBrasil e da AkzoNobel.

A descarbonização dependerá das características de cada país da América Latina, de acordo com Guilherme Oliveira Arantes, gerente do Departamento de Energia Elétrica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O Brasil, por exemplo, tem uma das produções de energia mais limpas do mundo, com mais de 50% provenientes de fontes renováveis, em comparação com cerca de 15%, em média, no resto do mundo.

Mesmo assim, Arantes disse que essa liderança “não significa que a questão energética deva ser deixada de lado”. Ele apontou que há uma “grande oportunidade” no financiamento de projetos renováveis (mais de 70% das usinas eólicas do Brasil foram financiadas pelo BNDES).

Além de financiamento, Julio Meneghini, diretor-científico do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou a importância da ciência e deu como exemplo um projeto-piloto para a construção da primeira usina de hidrogênio verde do mundo a partir do etanol.

“Se combinarmos fontes renováveis na terra e no mar, temos condições de alcançar a descarbonização até 2050”, disse.

Na mesma linha, Marcelo Bernardino, CEO da Indra e da Minsait no Brasil, disse que a inteligência artificial pode impulsionar o setor de energia renovável ao tornar “mais eficiente” a análise dos padrões climáticos e a geração de eletricidade.

Apesar dos avanços, o ex-ministro peruano Manuel Pulgar-Vidal, representante da WWF Internacional e um dos artífices do Acordo de Paris, declarou que grande parte da região ainda está “presa na armadilha dos combustíveis fósseis” porque há reservas abundantes.

Pulgar-Vidal destacou que muitos governos não têm planos atualizados e não entenderam que a descarbonização é “um processo econômico e não ambiental”.

Além de promovê-la por meio de incentivos econômicos, o especialista afirmou que é necessário apoiar as populações afetadas pela transição energética.

“A Amazônia peruana é altamente dependente das receitas de hidrocarbonetos. Se não nos prepararmos, vamos ter processos migratórios mal organizados e processos de empobrecimento”, explicou.

O I Fórum Latino-Americano de Economia Verde foi realizado nesta quinta-feira no Teatro Vivo, em São Paulo, e teve patrocínio de ApexBrasil e AkzoNobel, com o apoio da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil e da Iberia. EFE