Um termômetro marca 40°C. EFE/Arquivo

ONU prevê que El Niño continue até abril e teme que 2024 seja ainda mais quente que 2023

Antonio Broto.

Genebra (EFE).- A Organização Meteorológica Mundial (OMM) antecipou nesta quarta-feira que o atual fenômeno climático El Niño, que normalmente está ligado ao aumento das temperaturas, continuará pelo menos até abril de 2024 e, portanto, o próximo ano pode ser ainda mais quente que 2023, que já está a caminho de quebrar recordes de calor.

Na sua atualização regular sobre o fenômeno, a agência da ONU com sede em Genebra destaca que El Niño, que normalmente dura entre nove e 12 meses e começou em meados de 2023, “contribuirá para um aumento ainda maior das temperaturas tanto na superfície da Terra como nos oceanos”.

Fenômeno que ocorre de forma periódica, mas irregular (com intervalos entre dois e sete anos), El Niño “impacta a temperatura global especialmente no ano seguinte ao seu desenvolvimento, neste caso em 2024”, explicou o relatório do secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

“Como resultado das temperaturas recordes na superfície e nos oceanos desde junho, 2023 está a caminho de ser o ano mais quente já registrado, mas o próximo ano será ainda mais quente”, alertou o especialista finlandês.

Taalas lembrou que isto não se deve apenas à influência de El Niño, mas também ao aquecimento global causado pelas emissões de gases do efeito estufa derivados da atividade humana.

Mais desastres naturais em 2024

“Fenômenos extremos como ondas de calor, secas, incêndios, chuvas torrenciais e inundações aumentarão em algumas regiões, causando grandes impactos”, previu Taalas, que fez um apelo em prol da continuação da implementação do programa da OMM para universalizar os sistemas de alerta precoce contra estes desastres climáticos.

De acordo com a OMM, o El Niño deste ano desenvolveu-se rapidamente entre julho e agosto, atingiu força moderada em setembro e deverá atingir seu pico de força entre novembro e janeiro, com 90% de probabilidade de persistir durante todo o inverno boreal e verão austral.

A expectativa é que diminua sua força durante o outono no hemisfério sul, antecipou a OMM, utilizando dados de previsões meteorológicas e especialistas de todo o mundo.

O fenômeno El Niño começa com um aumento das temperaturas do Oceano Pacífico nas suas áreas central e oriental, e o seu oposto é La Niña, associado a uma queda nas temperaturas globais e que durante seu período de influência anterior teve uma duração excepcionalmente longa de três anos (2020-2022).

A caminho de superar 2016

Enquanto 2023 não é confirmado como o ano mais quente para o qual existem dados disponíveis, esse recorde segue sendo ostentado por 2016, que também foi influenciado pelo fenômeno El Niño, agravado pela mudança climática.

Desde maio, quando a temperatura média das águas do Pacífico começou a subir (meio grau em relação à média entre 1991 e 2020), já foram atingidas elevações médias de 1,5 graus em setembro.

Geograficamente, os especialistas consultados pela OMM preveem que as temperaturas aumentem com o El Niño em quase toda a superfície terrestre.

Já o impacto de El Niño nas chuvas varia de acordo com a região, com o relatório prevendo chuvas acima da média em áreas como o Chifre da África, as bacias do Paraná e do Rio da Prata na América do Sul, e partes da América do Norte e Ásia central e oriental.

Pelo contrário, poderão ser esperadas precipitações abaixo da média em grande parte da América do Sul ou no Pacífico Sul (incluindo Austrália, Indonésia e Filipinas). EFE