Antonio Guterres durante a COP28, em Dubai. EFE/MARTIN DIVISEK

Guterres elogia COP28 por reconhecer a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis

Dubai (EFE).- O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou nesta quarta-feira que o acordo alcançado na Cúpula do Clima de Dubai (COP28) reconhece, pela primeira vez, a necessidade de deixar para trás os combustíveis fósseis, “depois de muitos anos em que o debate sobre esta questão esteve bloqueado”.

O chamado “Balanço Global” da COP28 reafirma “claramente” a necessidade imperiosa de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus e que isso requer reduções drásticas nas emissões globais de gases do efeito estufa nesta década, ressaltou Guterres, depois de o documento ter sido aprovado no plenário da cúpula.

“A ciência nos diz que limitar o aquecimento global a 1,5 graus será impossível sem a eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis em um período de tempo consistente com este limite. Isto foi reconhecido por uma coalizão crescente e diversificada de países”, salientou o secretário-geral da ONU.

“Aos que se opuseram a uma referência clara à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis no texto da COP28, quero dizer que, gostem ou não, é inevitável. Vamos torcer para que não tenha chegado tarde demais”, completou.

Embora o ritmo e os caminhos para alcançar a transição sejam diferentes dependendo do nível de desenvolvimento de cada país, “todos os esforços devem ser consistentes com o alcance do objetivo global de ter zero emissões líquidas em 2050 e preservar o objetivo de 1,5 graus”, insistiu.

Neste ponto, frisou que os países em desenvolvimento devem receber apoio, ao que acrescentou que “a era dos combustíveis fósseis deve terminar com justiça e equidade”.

Adaptação e financiamento

A COP28 representa também um progresso em relação aos objetivos de adaptação e financiamento, incluindo a implementação do Fundo de Perdas e Danos, segundo Guterres, que lamentou que os compromissos financeiros lançados durante a cúpula “sejam muito limitados”, apesar de terem atingido um valor recorde de US$ 12,8 bilhões para as comunidades mais vulneráveis ​​ao clima.

Na adaptação, as medidas acordadas fornecem um conjunto “mensurável” de novos objetivos para impulsionar as medidas necessárias e a sua implementação.

Além disso, existem orientações claras em relação à próxima rodada de planos nacionais de ação climática para 2025 – Contribuições Determinadas em Nível Nacional – que todos os governos devem começar a preparar agora.

“Estou mobilizando todo o sistema das Nações Unidas para ajudar nestes esforços”, assegurou Guterres.

Estes planos devem afetar toda a economia e estar alinhados com o objetivo de 1,5 graus, bem como abranger todos os gases de efeito estufa.

Também devem estar respaldados por políticas e regulamentos climáticos críveis, incluindo um preço ao carbono e o fim do financiamento dos combustíveis fósseis, acrescentou o secretário-geral da ONU.

Em relação aos países mais vulneráveis, “que estão afogados em dívidas e correm o risco de afundar com a subida do nível do mar”, Guterres disse que é hora de aumentar o financiamento.

Neste sentido, insistiu na necessidade de reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento para aumentar massivamente o apoio direto e mobilizar muito mais financiamento privado a custos razoáveis ​​para a ação climática nos países em desenvolvimento.

“O mundo não pode permitir-se atrasos, indecisões ou meias medidas. Continuo confiante de que, apesar de muitas diferenças, o mundo pode unir-se e enfrentar o desafio da crise climática. O multilateralismo continua a ser a melhor esperança para a humanidade”, concluiu Guterres. EFE