Cairo (Egypt), 21/03/2024.- US Secretary of State Antony Blinken attends a joint press conference with the Egyptian Foreign minister in Cairo, Egypt, 21 March 2024. Blinken has met with top Arab diplomats in Cairo to discuss ways of ending the Israeli-Palestinian conflict, achieve full ceasefire and access of aid to Palestinians in the Gaza Strip. (Egipto) EFE/EPA/KHALED ELFIQI

EUA pedirão pela 1ª vez em resolução da ONU “cessar-fogo imediato” em Gaza

Nações Unidas (EFE).- Os Estados Unidos apresentarão nos próximos dias, provavelmente na sexta-feira, uma resolução na qual, pela primeira vez, pedirão especificamente “um cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza, depois de terem se oposto a três resoluções de outros países que assim pediam esta posição.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, foi quem anunciou, há algumas horas, no Cairo, que a resolução havia sido submetida ao Conselho, mas não há certeza de que ela será votada amanhã.

Blinken deixou claro que o cessar-fogo estaria “vinculado à libertação dos reféns” mantidos pelo Hamas, embora essa libertação não seja mais uma pré-condição, como constava nas primeiras versões do texto que circularam pelos diplomatas americanos.

Os EUA precisaram apresentar seis versões diferentes ao longo de mais de um mês para chegar ao que parece ser um texto de consenso, mas ainda não se sabe se ele terá o apoio de nove países e se não será vetado por nenhum membro permanente (nesse caso, Rússia ou China), duas condições necessárias para a aprovação de qualquer resolução.

O parágrafo principal da resolução de Washington diz que é “imperativo um cessar-fogo imediato e sustentado para proteger os civis de ambos os lados, permitir a entrega de assistência humanitária essencial, aliviar o sofrimento humano e apoiar os esforços diplomáticos para garantir tal cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns”.

A divulgação na última segunda-feira de um relatório da ONU falando que 1,1 milhão de habitantes da Faixa de Gaza enfrentam os níveis mais graves de fome e insegurança alimentar parece ter acelerado os esforços diplomáticos dos EUA.

O embaixador da França na ONU, Nicolas de Rivière, veio a público na segunda-feira para pedir uma ação urgente do Conselho para acabar com a guerra “agora, não na próxima semana”, disse.

Nas resoluções anteriores vetadas pelos EUA, a diplomacia americana criticou vários detalhes: que não incluíam o direito de Israel de se defender, que não condenavam o Hamas como “terrorista” e que, se fosse declarado um cessar-fogo, isso permitiria que o Hamas se rearmasse.

Portanto, nessa resolução que Washington está propondo agora, essas mesmas ideias aparecem de alguma forma, mas em um tom mais suave, a fim de conquistar o apoio de Estados-membros como Rússia, China e Argélia, que criticaram duramente antes a atitude dos EUA de apoio inabalável a Israel.

A nova resolução faz referências precisas à proteção de civis, ao acesso à ajuda humanitária, à oposição à alteração do mapa de Gaza com corredores de segurança e à rejeição do deslocamento forçado de civis, argumentos que podem obter o apoio unânime de todos os países.

Entretanto, também contém uma linguagem mais difícil de ser consensual, como o apelo para que os Estados-Membros “intensifiquem seus esforços para suprimir o financiamento do terrorismo, incluindo restrições ao financiamento do Hamas”.

De qualquer forma, os pedidos de cessar-fogo vieram de todas as agências da ONU, de países muçulmanos, africanos e asiáticos, e agora também da maior parte do mundo ocidental, incluindo países que nas primeiras semanas da guerra tinham uma atitude mais pró-israelense, como França e Reino Unido. EFE