Jens Stoltenberg. EFE/Arquivo/OLIVIER MATTHYS

Otan defenderá cada centímetro de seu território após chegada do grupo Wagner a Belarus

Bruxelas (EFE) – O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, deixou claro nesta quarta-feira a qualquer “adversário em potencial”, como Rússia ou Belarus, que defenderá “cada centímetro” de seu território após o envio de homens do grupo mercenário Wagner a este último país.

“É muito cedo para tirar conclusões definitivas sobre o motim dos mercenários do Wagner no último fim de semana, que é visto na Aliança como um assunto interno da Rússia”, disse Stoltenberg em entrevista coletiva, após se reunir com a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas.

Stoltenberg enfatizou que a Otan está acompanhando a situação “muito de perto” e que “algumas dessas forças podem ser posicionadas em Belarus”, razão pela qual aliados como a Lituânia, que faz fronteira com Belarus, pediram reforço.

“O mais importante é que estamos enviando uma mensagem muito clara a qualquer adversário em potencial, incluindo Moscou e Minsk, de que estamos lá para proteger e defender cada centímetro do território aliado contra qualquer ameaça”, enfatizou.

O político norueguês lembrou que a Otan aumentou sua presença no Leste Europeu e que, na cúpula aliada em Vilnius, daqui a duas semanas, continuará a fortalecer sua dissuasão e defesa.

Stoltenberg voltou a afirmar que a “guerra ilegal do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia é um grande erro estratégico, que aprofundou as divisões existentes e criou novas tensões na Rússia”.

De qualquer forma, pediu para “não subestimar a Rússia, continuar a apoiar a Ucrânia e manter as defesas aliadas fortes”.

Stoltenberg lembrou ainda que “a principal tarefa da Otan não é libertar territórios, mas impedir qualquer ataque a qualquer aliado da Aliança”.

Nesse sentido, explicou que a Aliança já tem planos e capacidades para “defender cada aliado e cada centímetro do território aliado”, observando que, “forças específicas serão designadas para territórios específicos”.

“Estamos constantemente avaliando a necessidade da presença de tropas terrestres em toda a Aliança, inclusive na região do Báltico”, disse.

Stoltenberg também informou que, na cúpula de Vilnius, os aliados darão “um passo adiante” em seu apoio à Ucrânia, concordando com um pacote de assistência plurianual para tornar as forças militares do país cada vez mais interoperáveis com as da Aliança e melhorar os laços políticos para “aproximar a Ucrânia de seu lugar de direito na organização”.

Por outro lado, não se espera ainda que os líderes convidem formalmente Kiev a ingressar na organização.

Stoltenberg disse que as consultas continuam e espera que em Vilnius se encontre “um terreno comum sobre como lidar com as aspirações de adesão da Ucrânia”.

“E temos que lembrar que os aliados concordam com muitas mensagens e posições importantes sobre a Ucrânia e a adesão à Otan”, acrescentou.

“Talvez a coisa mais importante com a qual concordamos é que a tarefa mais urgente agora é garantir que a Ucrânia prevaleça como uma nação soberana e independente na Europa”, explicou, já que, se a Rússia vencer a guerra, “não haverá mais necessidade de discutir a questão da adesão”.

“O fato de a Ucrânia vencer a guerra é pré-condição para qualquer discussão significativa sobre uma nova adesão”, concluiu. EFE