Foto de arquivo do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko durante uma coletiva de imprensa em Minsk, Belarus, em 29 de janeiro de 2015. EPA/ARQUIVO/SERGEI GRITS/ POOL

Lukashenko descarta ataque dos mercenários do Wagner à Polônia a partir de Belarus

Moscou (EFE).- O presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, descartou nesta terça-feira um ataque de mercenários russos do Grupo Wagner contra a Polônia a partir do território bielorrusso.

“Por estarem perto de Osipovich (na região de Mogilev), no centro de Belarus, esses caras não vão a lugar nenhum. Eles estão acostumados a seguir ordens”, disse Lukashenko, citado pela agência de notícias oficial “Belta”.

Lukashenko fez essas declarações durante uma visita à região de Brest, que faz fronteira com a Polônia e a Ucrânia, depois que o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, alertou sobre o destacamento de cem mercenários do Wagner perto da fronteira.

“Nenhum destacamento do Wagner com 100 homens foi implantado naquela direção (na fronteira com a Polônia). E se foi, foi feito apenas para compartilhar sua experiência de combate com as brigadas bielorrussas concentradas em Brest e Grodno”, assegurou.

Nesse sentido, comentou que os militares bielorrussos devem ser instruídos, uma vez que “um Exército que não luta é meio Exército”.

O presidente bielorrusso também manifestou o desejo de manter esta unidade de mercenários viva, uma vez que os seus membros são “verdadeiros guerreiros que viveram uma guerra e perderam muitos amigos”.

“Eles nos ajudam totalmente de graça, embora sejam mercenários e tenham lutado e trabalhado em todos os lugares por dinheiro”, enfatizou.

Recentemente, ao se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, Lukashenko admitiu sua preocupação de que os homens do Wagner estejam dispostos a avançar para Varsóvia e para o campo de aviação de Rzeszow.

Morawiecki alertou que os mercenários estão supostamente visando o corredor de Suwalki, a estreita faixa de terra estratégica que conecta Belarus com o enclave báltico russo de Kaliningrado.

Na mesma linha, os presidentes da Lituânia e da Letônia, Gitanas Nauseda e Edgars Rinkevics, respectivamente, expressaram ontem sua preocupação com possíveis “provocações” de mercenários russos.

Por sua vez, o chefe da inteligência militar ucraniana (GUR), Kirilo Budanov, disse à Agência EFE em Kiev nesta segunda-feira que não há informações de que os mercenários do Wagner em Belarus pretendam atacar a Ucrânia, a Polônia ou outros países fronteiriços.

Budanov acrescentou que a prioridade dos mercenários russos está no continente africano.

“Eles estão sendo ativados para influenciar a África”, comentou, algo que o próprio chefe do Wagner, Yevgeny Prigozhin, confirmou na semana passada no âmbito da cúpula Rússia-África.

Apesar disso, segundo alertou o chefe do GUR, “os russos vão usar” a presença de mercenários do Grupo Wagner em Belarus “para criar tensão”.

Prigozhin, que liderou uma rebelião armada fracassada contra o Kremlin em 23 e 24 de junho, confirmou no dia anterior que parou de recrutar novos combatentes por não combater mais na Ucrânia.

O projeto investigativo Gayun confirmou recentemente a presença de mais de 3.500 mercenários do Wagner em Belarus, onde estão treinando vários destacamentos das forças especiais do Exército e do Ministério do Interior. EFE