Josep Borrell. EFE/Arquivo/OLIVIER MATTHYS

Ministros da UE apoiam plano de paz para o Oriente Médio que exija dois Estados

Bruxelas (EFE).- Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) manifestaram nesta segunda-feira seu apoio à exigência de uma solução de dois Estados no Oriente Médio, como solicitado por um plano de paz delineado pelo chefe da diplomacia comunitária, Josep Borrell.

“Penso que temos de parar de falar sobre paz, de processo de paz, e começar a falar mais especificamente sobre um processo para uma solução de dois Estados (…) A forma como o nomeamos é importante”, disse Borrell durante sua chegada a um Conselho de Ministros das Relações Exteriores da UE.

Os ministros europeus trocaram pontos de vista separadamente com os seus homólogos de Israel, Autoridade Palestina, Arábia Saudita, Egito e Jordânia, bem como com o secretário-geral da Liga Árabe, que foram convidados a Bruxelas.

Borrell apresentará um decálogo para acabar com o conflito entre Israel e Palestina e que contempla a criação de um Estado palestino e a normalização das relações entre Israel e o mundo árabe.

Prevê que a comunidade internacional tome a iniciativa nas conversações e que posteriormente israelenses e palestinos se sentem para negociar diretamente, entre os quais exclui a presença do grupo islâmico Hamas.

Uma ideia de que a solução vem de fora que Borrell já expressou no último dia 3, em Lisboa, quando disse que “a paz só pode ser alcançada de forma duradoura se a comunidade internacional estiver dramaticamente envolvida na sua concretização e impor uma solução”.

O caminho para a paz

“Creio que devemos impor a paz. Creio que todos sabem que o único caminho é uma paz integral baseada na solução de dois Estados”, concordou o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, à sua chegada ao Conselho.

Diante da recusa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, à solução de dois Estados, Borrell afirmou estar ciente de que tem “uma posição diferente”, mas lembrou que as Nações Unidas solicitaram esta medida e que “toda a comunidade internacional a apoia”.

“As declarações do primeiro-ministro Netanyahu são inaceitáveis e não contribuem de forma alguma para as perspectivas de paz”, afirmou o ministro irlandês, Micheál Martin, que pediu ao líder israelense “que ouça a grande maioria do mundo que quer a paz e que quer uma solução de dois Estados”.

A ministra finlandesa, Elina Valtonen, afirmou que a rejeição de Netanyahu à criação do Estado palestino “não é uma posição aceitável” e garantiu que, até que esse objetivo seja alcançado, não haverá paz em toda a região do Oriente Médio.

Para conseguir isso, o chefe da diplomacia da Letônia, Krisjanis Karins, defendeu por pressionar Israel economicamente.

“A maior capacidade de influência da Europa sempre foi sua carteira (…) Vemos que nas políticas europeias, o dinheiro pode ajudar a focar as mentes e penso que também temos de começar a pensar nisso a nível internacional”, disse.

A preocupanteposição de Netanyahu

“A posição de Netanyahu é preocupante, será necessária uma solução de dois Estados”, insistiu o ministro francês, Stéphane Séjourné.

O chanceler de Luxemburgo, Xavier Bettel, considerou que o plano de Borrell “vai na direção certa”, embora tenha destacado que o que deve ser alcançado agora é um cessar-fogo.

O mesmo foi solicitado pelo ministro sueco, Tobias Billström, e pelo ministro espanhol, José Manuel Albares, que exigiram um cessar-fogo e a “materialização” do Estado palestino.

A titular do Ministério das Relações Exteriores alemão, Annalena Baerbock, disse que a criação dos dois Estados é “complexa”, mas apelou “a não enterrar a cabeça na areia” e “fazer todo o possível para aliviar o sofrimento dramático” de israelenses e palestinos. EFE