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Lula diz que trabalhará até o fim para tentar selar acordo UE-Mercosul: “Momento decisivo”

Berlim (EFE).- O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu nesta segunda-feira para que a União Europeia decida agora se quer finalmente fechar o acordo comercial com o Mercosul, e garantiu que trabalhará até o fim para conseguir a assinatura do pacto nos próximos dias, embora tenha dito que não tem certeza se conseguirá.

“Estamos trabalhando nisso há quase 23 anos. A próxima quinta-feira, na cúpula (no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de dezembro), será um momento decisivo. Espero que a UE decida se está interessada em fechar o acordo”, disse Lula em entrevista coletiva após se reunir com o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Berlim.

“Não se pode dizer que vamos assiná-lo”, admitiu Lula, que, no entanto, garantiu que viajará diretamente para o Rio de Janeiro na terça-feira para negociar e avaliar se o acordo realmente tem algum sinal de ser assinado, dada a reticência da França e o fato de que haverá uma mudança quando o presidente argentino em exercício, Alberto Fernández, deixar o cargo em 10 de dezembro.

O atual ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, declarou nesta segunda-feira que “não é mais o momento certo” para assinar o acordo entre Mercosul e UE no âmbito da cúpula do bloco sul-americano que será realizada nesta semana no Brasil.

“Pode ser que ainda seja possível” a aprovação do acordo, analisou Lula, ao enfatizar que, enquanto o acordo tiver a perspectiva de ser assinado, fará “tudo o que for possível para alcançá-lo”, pois é alguém que “nunca desiste”.

“Depois de 23 anos, não seria razoável” não atingir essa meta, enfatizou.

Ao mesmo tempo, Lula indicou que, se o presidente argentino, Alberto Fernández, não quiser assinar o acordo, isso é algo que deve ser “aceito”, já que a “sustentabilidade” do sistema democrático se baseia em “não forçar as pessoas a fazer o que se espera delas”.

Com relação à reticência da França, o mandatário brasileiro enfatizou que todos os presidentes franceses mantiveram essa postura por razões políticas relacionadas aos interesses dos agricultores de seu país.

Lula destacou que, na cúpula climática COP28, conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron, e pediu que ele “abrisse o coração” para a possibilidade de fechar o acordo, mas, se não for o caso, “haverá outras reuniões e outras cúpulas” para convencê-lo. EFE