Karim Benzema. EFE/Arquivo/Daniel Gonzalez

Senadora pede que Benzema perca cidadania francesa caso tenha vínculos com grupo islâmico

Paris (EFE).- A senadora conservadora francesa Valérie Boyer pediu, nesta quarta-feira, a retirada da cidadania do jogador Karim Benzema, caso seja confirmado que o atacante tem vínculos com o grupo islâmico Irmandade Muçulmana, como sugeriu o ministro do Interior, Gérarld Darmanin.

“Se as afirmações do ministro do Interior se confirmarem, temos de considerar sanções contra Karim Benzema. Uma sanção simbólica seria, em primeiro lugar, retirar a Bola de Ouro. Depois, temos de pedir que seja retirada a sua nacionalidade”, afirmou em comunicado.

A reação da senadora do partido Os Republicanos surge dois dias depois de Darmanin ter afirmado, em entrevista televisionada, que o jogador do Al-Ittihad, da Arábia Saudita, tem vínculos com o grupo islâmico de origem egípcia.

“O senhor Benzema tem vínculos, todo mundo sabe, é notório, com a Irmandade Muçulmana”, disse Darmanin na noite de segunda-feira, no canal de televisão “Cnews”.

Boyer recordou que Benzema tem dupla cidadania, francesa e argelina.

“Não podemos aceitar que um francês binacional, um jogador de seleção reconhecido internacionalmente, desonre e traia o nosso país desta forma”, declarou.

O ministro tinha sido questionado sobre a mensagem do jogador ex-Real Madrid nas redes sociais de apoio ao povo palestino, que contrastava com o seu silêncio sobre os ataques terroristas do Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro.

Darmanin disse que os jogadores com a fama de Benzema “têm uma responsabilidade” e uma influência sobre os jovens, condição pela qual deveria ter sido mais imparcial.

Mas, posteriormente, ao responder a uma pergunta sobre as ações do governo para combater o terrorismo jihadista em território francês, Darmanin lançou a sua acusação contra o jogador, sem apresentar provas.

“Há semanas que estou particularmente interessado na Irmandade Muçulmana”, comentou o ministro, que se referiu às supostas ligações de Benzema a este grupo islâmico, classificado como terrorista pela Arábia Saudita, país onde o atacante joga atualmente.

Esta parte das declarações do ministro, feitas ao mesmo tempo que a França reforçava a segurança na sua fronteira com a Bélgica, após o ataque islâmico em Bruxelas na tarde de segunda-feira, não tiveram repercussão no solo francês até serem retomadas no final da terça-feira pela imprensa espanhola.

Na quarta-feira, fontes do Ministério do Interior justificaram a acusação de Darmanin, referindo-se a várias ações do jogador que constituem “uma inclinação para um islamismo severo e rigoroso, caraterístico da ideologia” da Irmandade Muçulmana, “que consiste em difundir as normas islâmicas em diferentes áreas da sociedade, especialmente no esporte”.

Em declarações à “RMC Sport”, estas fontes do Interior aludiram a situações polêmicas nas quais Benzema esteve envolvido, como a sua recusa em cantar a Marselhesa nos jogos com a seleção da França e o seu “proselitismo” nas redes sociais “a favor da religião muçulmana”.

Recordaram também que o atacante foi fotografado com o imã da cidade de Meaux, que está sendo investigado no contexto do assassinato do professor Samuel Paty, decapitado em outubro de 2020 por um muçulmano de origem chechena.

Outro exemplo é o apoio de Benzema ao lutador russo Khabib Nurmagomedov, que publicou uma mensagem desejando que “o Todo-Poderoso desfigure esta escória” de Emmanuel Macron e “todos os seus discípulos que, em nome da liberdade de expressão, insultam a fé de mais de 1,5 bilhão de muçulmanos”.

Para o Interior, todos estes casos não permitem que o jogador seja levado a tribunal, mas “são um sinal particularmente ambíguo para um atleta que tem um público tão vasto”.

Em 15 de maio, Benzema enviou uma mensagem de apoio ao povo palestino nas redes sociais: “Todas as nossas orações vão para os habitantes de Gaza, vítimas mais uma vez do bombardeio injusto do qual nem mulheres nem crianças são poupadas”. EFE