EFE/ Antonio Lacerda

Velório de Pelé forma filas com milhares de pessoas na Vila Belmiro

Santos (EFE).- Milhares de pessoas compareceram em massa nesta segunda-feira à despedida de Pelé, que morreu na quinta-feira passada, aos 82 anos.

A fila chegou a alcançar mais de dois quilômetros de extensão, atravessando vários quarteirões ao redor do estádio da Vila Belmiro, onde o velório foi aberto ao público na manhã desta segunda-feira.

Os fãs passaram horas na fila, sob um sol escaldante, para observar por um curto período o corpo do tricampeão mundial.

O caixão repousava sob uma tenda branca no centro do estádio centenário, construído em 1916, que se situa em um bairro residencial de casas baixas e ruas estreitas, agora decorado com bandeiras e cartazes em homenagem ao lendário camisa 10.

Centenas de milhares de pessoas esperadas

O prefeito de Santos, Rogério Santos, disse que cerca de 300 mil pessoas podem passar pelo velório, que permanecerá aberto até a manhã de terça-feira.

Isso significaria um fluxo constante de mais de 200 pessoas por minuto, mas, para a preocupação de muitos, a fila se movia em ritmo muito mais lento.

Não só a cidade de Santos, com 430 mil habitantes, se mobilizou para se despedir do maior ídolo. Muitos outros brasileiros vieram principalmente de São Paulo, a 80 quilômetros de distância, e de outras cidades mais distantes.

Júlio César Júnior, de 73 anos, disse ter passado mais de duas horas na fila para prestar homenagem a Pelé, cuja carreira acompanhou apaixonadamente desde criança.

“Pelé merece. Acompanhei Pelé desde que ele tinha 19 anos, e eu tinha 10. Vi o gol histórico que ele marcou na Rua Javari (em São Paulo) contra a Juventus, eu vi”, relatou.

Esse gol histórico remonta a 1959 e não foi gravado pelas câmeras de televisão. A história conta que Pelé chapelou três defensores, além do goleiro, e marcou de cabeça na vitória de 4 a 0 do Santos.

Ícone de Santos

Para Santos, Pelé significa mais do que para o resto dos brasileiros, já que o tricampeão mundial foi responsável por colocar a cidade e o seu clube de futebol no mapa do mundo.

Antes, Santos era sinônimo apenas de uma cidade de tamanho médio que tinha crescido em torno do maior porto do Brasil, povoada por humildes trabalhadores portuários e barões ricos que prosperavam no comércio internacional do café.

Com Pelé veio a magia, e o nome Santos ficou para sempre ligado à arte do bom manejo da bola e ao carisma de Edson Arantes do Nascimento.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, ao chegar ao velório, observou que Pelé teve “a sorte de fazer algo que poucas pessoas no mundo podem fazer: tocar os corações das pessoas”.

Uma dessas pessoas é Aída Lúcia Santos, que não hesitou em enfrentar a fila interminável e o calor do verão para saudar Pelé uma última vez.

Aída disse que Pelé era “tudo” para ela, pois trabalhou durante quinze anos no estádio da Vila Belmiro e quando o ex-jogador de futebol ocupava um cargo de direção.

“Vale a pena, embora eu não quisesse estar na fila para isto. Ele me deu um autógrafo que diz: ‘Para Aída Lúcia, com amor de Pelé’. Isso é para poucos”, revelou.

Pelé morreu no dia 29 de dezembro, em São Paulo, devido a complicações de um câncer de cólon, que foi diagnosticado em 2021. EFE