Os vencedores de 2024: (Da esquerda para a direita e de cima para baixo) a equipe do jornal La Posta (Equador), Alejandra Crail (d) e Daniela Guazo (e), do El Universal (México); a equipe do La Nación (Argentina), o jornalista da Cadena SER, Toni Martínez (Espanha); o fotógrafo Diego Herrera Carcedo (Espanha); e" Mutante" (Colômbia). EFE

Prêmios Rei da Espanha de Jornalismo reconhecem compromisso com problemas sociais

Madri (EFE).- A 41ª edição dos Prêmios Internacionais Rei da Espanha de Jornalismo reconheceu, nesta quinta-feira, trabalhos comprometidos com a sociedade que ajudam a aumentar a conscientização sobre problemas como o abuso infantil e a crise climática.

Os prêmios, os mais famosos da América Latina, foram concedidos ao jornalismo investigativo, ousado e participativo, que utiliza formatos inovadores para dar voz às vítimas desses problemas.

Esses prêmios anuais, criados em 1983 pela Agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), promovem o melhor jornalismo que, em espanhol e português, mostra a realidade da comunidade ibero-americana.

Jornalismo narrativo

A reportagem “El Gran Padrino”, produzida por uma equipe de jornalistas investigativos do jornal equatoriano “La Posta”, venceu a categoria Jornalismo Narrativo pelo “grande impacto que teve na vida política do Equador”, pois contribuiu para o julgamento político do ex-presidente Guillermo Lasso.

O júri, formado por jornalistas renomados de diferentes países, destacou “a dificuldade de denunciar a corrupção na América Latina, junto com a originalidade do trabalho, o jornalismo de risco e o enorme esforço investigativo”.

Uma equipe de nove jornalistas do “La Posta”, liderada pelo venezuelano Andersson Boscán, acompanhou o caso durante sete meses para compilar o trabalho desses jovens profissionais em um site multimídia. Apesar de receberem ameaças, eles não pararam até descobrir a verdade.

Fotografia

“Ucrania, crónica en imágenes de un año de guerra”, do espanhol Diego Herrera Carcedo, foi o vencedor em Fotografia, por “refletir perfeitamente a morte e a precariedade do conflito desencadeado pela invasão russa”.

“O trabalho, publicado na ‘Revista 5W’, é um chamado para não se esquecer da guerra”, de acordo com o júri.

“É um trabalho em tempos de guerra, que contribui para aumentar a conscientização sobre um conflito que afeta a todos nós”, enfatizou.

Mídia ibero-americana

O colombiano “Mutante” ganhou o Prêmio Ibero-Americano de Mídia por “desenvolver um novo tipo de jornalismo que vai além da mera publicação de investigações e no qual se destaca a interação com o público”.

O júri reconheceu seu trabalho como o primeiro movimento digital de conversação cidadã na América Latina.

“Nascemos como uma alternativa independente para enfrentar a polarização, as notícias falsas, a tirania do clique e as ‘agendas públicas’ fabricadas por interesses privados”, definiu o “Mutante”, que acredita no jornalismo participativo como uma ferramenta para a mudança social.

Cultural

O podcast espanhol “El puzle Voynich”, criado por Toni Martínez na emissora Cadena SER, ganhou o prêmio Cultural por ser “um interessante trabalho enciclopédico e um objeto cultural em si”.

“El puzle Voynich” combina técnicas jornalísticas e de ficção para narrar fatos históricos, entre outros eventos.

“É um trabalho muito bom que tem o tom de uma série de rádio”, acrescentou o júri sobre o uso de ferramentas de drama de rádio que ajudam a manter o interesse do ouvinte.

O podcast usa a suposta busca de um livro medieval como fio narrativo, com uma mistura de gêneros para criar mistério e um projeto de áudio muito elaborado.

Jornalismo ambiental

O documentário “Pampa Seca”, do jornal argentino “La Nación”, ganhou o prêmio em Jornalismo Ambiental, por um trabalho sobre a seca com uma narração muito próxima para refletir um problema comum no mundo.

Texto, foto e vídeo sobre uma seca histórica de três anos na Argentina, com ondas de calor e temperaturas extremas, que causou uma queda de 50% na produção agrícola, sendo o campo a principal renda do país.

O trabalho inclui testemunhos, fotografias comparativas, dados e vídeos.

Cooperação internacional

O trabalho mexicano “Depredadores en las aulas”, publicado no “El Universal” em parceria com a “Connectas”, ganhou o prêmio em Cooperação Internacional e Ação Humanitária por descrever a realidade aterrorizante de crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais cometidos por funcionários de suas escolas.

Esse trabalho de Alejandra Mabel Crail Pérez e Daniela Guazo Manzo denuncia “a falta de interesse, a opacidade e a negligência institucional em relação aos alunos agredidos por funcionários da escola”.

Além do prêmio em dinheiro de 10 mil euros, que os coloca no mesmo nível do Prêmio Pulitzer, os vencedores receberão uma escultura do artista Joaquín Vaquero Turcios das mãos do rei da Espanha, Felipe VI. EFE